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Tem dias que quero abanar-te. Tem dias que quero abanar-me.

Perdoa-me por todas as vezes que não estive lá. Perdoa-me por existirem dias em que não fui capaz. Que não fui capaz de ver.

Ver-te.

A cabeça faz-nos criar ilusões do que é correcto, mas quem somos nós para te dizer o que é o correcto. Sei que chegaste ao caminho no qual não sabes mais voltar. Não sabes como te amar. Não sabes como respirar.

Perdoa-me por não ter sido capaz de te salvar.

Se eu soubesse que iriamos chegar a este ponto, tinha sorrido mais, abraçado mais.

Tinha vivido mais.

Se eu soubesse, como que com uma bolinha de cristal, tinha dito tudo aquilo que hoje a minha cabeça pensa mas da minha voz não sai.

Soubesse eu aproveitava mais e reclama menos.

Não consigo sequer imaginar todos os teus fantasmas, todos os dramas, toda a tua realidade, sinceramente não quero imaginar, porque a dor é tão insana quanto o meu amor por ti.

Duas realidades. Duas vidas. Dois muros.

Perdoa-me.

Perdoa-te.

Enquanto aqui estivermos, há esperança.

Enquanto aqui estivermos eu vou-te amar.

Enquanto aqui estivermos tu vais-me amar.